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Burning Man 2015: Festival no deserto Black Rock de Nevada no final tudo acaba em um incendio.
O festival Burning Man chega ao seu final com fogo tradicional. Foliões viu como a escultura de madeira que domina o local - e dá o nome do festival - ficou em chamas na noite de sábado (05 de setembro). Na noite seguinte viu o incêndio do Templo da Promessa, uma estrutura que contém as mensagens e desejos manuscritas dos participantes do festival. Cerca de 70.000 pessoas que passaram a semana no deserto, vivendo em um enorme acampamento semi-circular conhecido como Black Rock City.

O "Man" é uma escultura gigante de madeira, que fica no centro de uma imensa galeria de arte a céu aberto, chamada de “A Praia”. Em 1986, o carpinteiro Larry Harvey queimou um homem de madeira na praia, para entreter o filho pequeno. Algumas pessoas participaram do momento e surgiu a ideia de repetir o evento no ano seguinte. Assim nasceu o Burning Man.
Uma das obras mais importantes do festival, “O Tempo”, é inaugurada com um abraço coletivo. A estrutura de madeira recebe milhares de visitantes, que deixam mensagens em suas paredes. São fotos, objetos pessoais e lembranças de pessoas perdidas. Os participantes acreditam que quando “O Templo” queima, no último dia de Burning Man, o desejo de estar perto daqueles que partiram é levado pela fumaça.




Mayara em uma das instalações fixas Mayara fala sobre sua experiência

Virgem.
Era assim que eu era chamada por todos no Burning Man, e é assim que são chamados todos que vão pela primeira vez ao festival. “O homem que queima” na tradução para o português é, segundo as buscas na internet, o maior festival de contracultura do mundo. Eu descobri que na verdade é quase impossível definir o que é o Burning Man e mais difícil ainda é fazer uma reportagem sobre ele. Agora eu não o vejo mais como uma virgem.
Durante dez dias, eu vivi no deserto acampando com um grupo de 50 brasileiros, os primeiros a construírem uma obra de arte 100% brasileira no festival. O coletivo Brazilian Burners é formado por gente de todo tipo, tem Dj, publicitários, donos de restaurante, arquitetos, produtores, fotógrafos... Foram eles que me ensinaram os primeiros passos para sobreviver no deserto.
“Leva sempre água com você, um lenço e óculos para te proteger da areia. E luz, muita luz, para você não ser atropelada a noite”, foi o que me disse Daniel Strickland, o artista que construiu a instalação, quando a gente ainda se conhecia só por telefone. “Tem uma série de coisas que você precisa para estar preparada para experiência, o deserto é hostil”.
Obra de arte em chamas no Burning Man

Esse foi um dos desafios na tentativa de registrar o Burning Man. Foram muitas outras tempestades de areia, muitos dias sem banho, muitas refeições que eu pulei por falta de tempo, muita resistência física (que eu não tenho) para andar de bicicleta o dia inteiro e diversos problemas técnicos. No deserto, os equipamentos também sofrem com a areia, o excesso de calor e a alcalinidade.
“Tudo isso faz parte da experiência”, eu ouvi isso muitas vezes. Ir ao Burning Man é estar disposto a viver em um ambiente extremo para o bem e para o mal. Porque além das dificuldades, algumas coisas só são possíveis ali dentro.
Casal dança em uma das festas no deserto

Tudo que é construído dentro da na cidade é oferecido pelo próprio público, os espectadores são também geradores de conteúdo. Apenas algumas das mais de 300 obras de arte são financiadas pela organização do evento, o dinheiro vem dos ingressos que custam cerca de quatrocentos dólares. Não é barato ir ao Burning Man.
Isso parece uma contradição aos dez princípios que regem o festival, como por exemplo, “ausência de comércio”, “não deixar rastros no meio ambiente”, “presentear os outros” e “ espírito de comunidade”. Mas segundo os organizadores, o Burning Man não se propõe a ser uma comunidade utópica e anticapitalista, pelo menos não uma que dure mais de sete dias. As 70 mil pessoas que vão para o deserto são cidadãs de uma cidade efêmera, elas convivem em comunidade, rodeadas de arte por todos os lados e respeitando o meio ambiente pelo menos enquanto durar a Black Rock City. O que se leva de lá, aí é preciso deixar de ser um virgem para saber.



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